O governo brasileiro mudou de tom em relação à Venezuela e afirmou que acompanha com "expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral", acrescentando que a candidata da oposição pela Plataforma Unitária, Corina Yoris, "foi impedida de registrar-se" para o pleito, previsto para 28 de julho. Em nota, o Itamaraty disse que o impedimento "não é compatível com os acordos de Barbados" e "não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial". E o presidente Lula deu aval à nota. Segundo interlocutores, a avaliação é que ele pode se descolar da imagem de aliado do líder venezuelano, Nicolás Maduro. A impossibilidade de registro de Yoris ocorreu após seu nome ter sido indicado por María Corina Machado, que era a favorita da oposição, mas não pôde concorrer por ter sido declarada inelegível por 15 anos. Miguel Rosales, governador de Zulia e integrante da Plataforma Unitária, conseguiu se inscrever no último minuto e disputará a eleição contra Maduro. Até o fim da semana passada, a diplomacia brasileira demonstrava otimismo e foi criticada por não ter condenado as prisões de funcionários de María Corina, como outros países da região fizeram. (Globo) Fontes próximas a Lula disseram que ele está profundamente irritado com Maduro. A avaliação é que ele quebrou o acordo de que promoveria eleições limpas, segundo a Coluna do Estadão. Um interlocutor lembrou inclusive que a defesa da Venezuela teve peso na perda de popularidade do presidente. (Estadão) Apesar disso, a orientação é não comprometer os canais diplomáticos abertos com Caracas. (Folha) A Venezuela não gostou da nota brasileira. O regime de Maduro afirmou que o texto parece ditado pelos americanos. "A Venezuela repudia a declaração cinzenta e intrometida, redigida por funcionários do Itamaraty, que parece ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, onde são emitidos comentários carregados de profunda ignorância e ignorância sobre a realidade política na Venezuela." (Poder360) Após a leitura do relatório de Darci de Matos (PSD-SC) favorável à prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), Gilson Marques (Novo-SC), Roberto Duarte (Republicanos-AC) e Fausto Pinato (PP-SP) pediram mais tempo para analisar o documento. Com isso, a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, prevista para ontem, foi adiada. Enquanto isso, Brazão segue preso. O pedido de vista tem prazo de duas sessões do plenário da Câmara e deve ocorrer em 9 ou 10 de abril, por causa da Páscoa e da janela partidária. Para tentar acelerar a análise, deputados governistas lembraram que a comissão tem 72 horas, a partir da chegada do comunicado da prisão, para dar seu parecer e enviar ao plenário. Mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o pedido de vista não atrapalha o processo e vai aguardar a CCJ. "Não há nenhum prejuízo para o processo, investigação, porque todo o tempo que transcorrer é em desfavor do réu que continuará preso até que o plenário se posicione em votação aberta. É um caso difícil e sensível para todos nós", afirmou Lira. (g1) Chiquinho Brazão se defendeu da acusação. Em videoconferência, disse à CCJ que tinha um "ótimo relacionamento" com a vereadora. "A Marielle estava do meu lado, na mesma luta. Gostaria que vocês pudessem analisar antes de tomar essa decisão", afirmou. Após concluir seu pronunciamento, Brazão foi chamado de assassino por deputados do PSOL. (Metrópoles) Embora tenha servido de base para prender os suspeitos de mandar matar a vereadora, o relatório da Polícia Federal sobre o caso tem lacunas sérias, e os agentes admitem no próprio texto a dificuldade em encontrar uma "prova cabal". Por exemplo, em sua delação premiada, o ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle e do motorista Anderson Gomes, descreve três encontros com os irmãos Brazão. Mas a PF não conseguiu produzir provas que corroborem a informação. Também não há um elo claro entre eles e o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, que teria planejado o atentado e dificultado as investigações. Presos, Domingos, Chiquinho e Barbosa negam envolvimento com o crime. (Folha) Termina hoje o prazo dado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes para que Jair Bolsonaro explique por que passou duas noites na embaixada da Hungria após ter o passaporte apreendido. Independentemente dos desdobramentos desse caso, conta Malu Gaspar, a Polícia Federal já traçou um cronograma para o inquérito em que o ex-presidente é investigado por tramar um golpe de Estado. Na avaliação dos agentes, Bolsonaro deve ser julgado no Supremo até dezembro deste ano. (Globo) Meio em vídeo. Desde sempre, Bolsonaro e qualquer outro representante da extrema direita tem um método claro: minar a confiança na Justiça; testar os limites da legalidade em seus atos; daí, quando a Justiça vem atrás, gritar que é perseguição política. E como a Justiça brasileira é bastante falha e sempre praticou algum nível de parcialidade política, a coisa cola. Bolsonaro é um ator político que navega na sombra, na dúvida, na semente plantada de que ninguém é confiável. Confira o Cá Entre Nós, com Flávia Tavares. (YouTube) O governo vai editar nos próximos dias uma portaria de Emergência em Saúde Pública de Interesse Nacional ou um decreto para atuar de forma mais rigorosa nos seis hospitais federais do Rio de Janeiro, conta Vera Rosa. Para tentar resolver a crise na rede de atendimento, que há anos envolve loteamento de cargos e denúncias de corrupção, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, apresentou a Lula a proposta de um decreto que declara estado de calamidade pública nos hospitais hoje sob intervenção. (Estadão) A votação da PEC das Igrejas foi adiada. Não por inabilidade dos líderes governistas. Mas porque a própria bancada evangélica no Congresso rachou. É inerente ao campo evangélico a fragmentação — o que torna impossível compreendê-los como um bloco homogêneo, ainda que muitas lideranças ajam politicamente em uníssono. O Meio Político desta quarta, exclusivo para assinantes premium, é uma entrevista profunda com Carô Evangelista, cientista política e diretora executiva do Instituto de Estudos da Religião, sobre o que é ser evangélico no Brasil, como isso afeta a visão política desse segmento e a relação de Lula e da esquerda com essas pessoas. Assine! Hostel Hungria
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