Em meio à crescente tensão e ao risco de novas derrotas do governo no Congresso, o presidente Lula cobrou ontem de seus ministros mais empenho na articulação com os parlamentares, destacando os desafios de fazer política com minoria. E não poupou críticas, incluindo nelas o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin e o titular da Fazenda, Fernando Haddad. "Isso significa que o Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington (Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social), o Rui Costa (ministro da Casa Civil), passa a maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B", afirmou. No mais recente embate, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chamou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de "desafeto pessoal" e "incompetente". (Folha) Após as cobranças, Haddad foi objetivo ao ser questionado por jornalistas: "Eu só faço isso da vida", referindo-se às tratativas com o Congresso. Mais tarde disse que havia esquecido os livros em São Paulo e por isso estava "liberado". (UOL) A reclamação de Lula veio no dia seguinte a um encontro com Lira no Palácio da Alvorada. Auxiliares do presidente da República avaliaram a reunião como positiva e acreditam que a conversa deve garantir um pouco de "tranquilidade". Lula teria admitido que houve um erro na demissão do primo de Lira da chefia do Incra na última terça-feira. (CNN Brasil) Lira já até indicou o dirigente da ONG Naturagro, com sede em Maceió e que representa beneficiários do programa nacional de reforma agrária, para o posto que era de seu primo no Incra. O nome de Junior Rodrigues do Nascimento começou a ser analisado ontem pela Casa Civil. (Globo) E às vésperas da sessão do Congresso para analisar vetos presidenciais, Padilha disse que a equipe econômica concordou com a manutenção do programa de apoio ao setor de eventos – cuja suspensão foi criticada por parlamentares – até o fim de 2026, mas com teto de R$ 5 bilhões por ano. Também informou que o governo prepara uma contraproposta para evitar a derrubada do veto de R$ 5,6 bilhões em emendas. "Estamos trabalhando num pacote de vetos a serem derrubados de forma comum, pontos importantes, em especial na LDO." (g1) Eliane Cantanhêde: "Ninguém confirma nem desmente, mas a fala de Lula aumenta a sensação de que sua relação já foi melhor com Haddad, seu dileto pupilo político, que ocupou seu lugar na cabeça de chapa de 2018 e tem sido de uma lealdade a toda prova, apesar de tudo. Impossível não notar que Haddad anda com ar cansado, despenteado, parecendo ter perdido o vigor de 2023, quando foi a melhor surpresa e o grande troféu do governo". (Estadão) O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendeu ontem todos os processos judiciais envolvendo a Lei do Marco Temporal, aprovada pelo Congresso após a Corte ter declarado inconstitucional a tese que limita a demarcação às terras indígenas ocupadas até 5 de outubro de 1988. A decisão, segundo Fausto Macedo, foi proferida no bojo de cinco ações que questionam a lei no Supremo. Gilmar apontou a necessidade de "pacificar conflito judicial" e abriu um processo de conciliação e mediação. Ele intimou todas as partes das ações para que, em 30 dias, "apresentem propostas no contexto de uma nova abordagem do litígio constitucional discutido nas ações, mediante a utilização de meios consensuais" devido ao temor de "severa insegurança jurídica". (Estadão) O PL e a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PC do B) apresentaram recurso ao Tribunal Superior Eleitoral contra a decisão do TRE-PR que absolveu o senador Sergio Moro (União -PR) das acusações de caixa 2, abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e irregularidade em contratos na pré-campanha de 2022, mantendo seu mandato. As legendas pedem a cassação e a inelegibilidade do ex-juiz por oito anos. No TSE, o cenário é mais desfavorável para Moro. (Poder360) Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, rejeitou um recurso para anular a condenação do ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol a pagar R$ 75 mil em danos morais ao presidente Lula pelo PowerPoint usado para apresentar denúncia contra o petista em 2016. Dallagnol usou uma ilustração com o nome de Lula no centro cercado por 14 expressões como "petrolão" e "perpetuação criminosa no poder". Corrigida, a indenização deve ficar em R$ 100 mil. (g1) O sistema de administração financeira do governo federal, o Siafi, usado na execução de pagamentos, foi invadido neste mês. Suspeita-se que os autores do ataque emitiram ordens bancárias e desviaram recursos da União. A Polícia Federal investiga o caso e rastreia os suspeitos com apoio da Agência Brasileira de Inteligência. As apurações indicam que os invasores conseguiram acessar o Siafi utilizando o CPF e a senha do gov.br usada pelos gestores e ordenadores de despesas para utilizar a plataforma de pagamentos. O Siafi já havia sido alvo de uma tentativa de invasão em 2021. (Folha) Meio em vídeo. A direita brasileira está entendendo mal o negócio das drogas, principalmente no caso da maconha. A direita dos Estados Unidos já mudou a prosa, e com razão. Entendeu que é excelente para o agronegócio. Assista ao Ponto de Partida, com Pedro Doria. (YouTube) Menos de uma semana após as detenções de mais de 100 manifestantes na Universidade Columbia contrários à guerra entre Israel e Hamas, os administradores de algumas das universidades mais influentes dos EUA tentavam sem sucesso acalmar o clima nos campi, tomados por atos de protesto. A reivindicação central dos atos pró-palestinos é a redução do vínculo financeiro com Israel e seus fornecedores de armas. Na Universidade de Nova York e em Yale, a polícia interveio e deteve estudantes. Columbia ficou fechada, transferindo as aulas para o online. Harvard também fechou ao público, mas em outros campi da região de Boston os acampamentos foram mantidos, assim como na Universidade da Califórnia, em Berkeley. (New York Times) E o chefe do serviço de inteligência de Israel pediu demissão ontem por não ter antecipado e impedido o ataque do Hamas de 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas e fez quase 300 reféns. Aharon Haliva, militar com 38 anos de serviço, foi a primeira autoridade graduada israelense a assumir as falhas de inteligência que permitiram aos terroristas romperem a supostamente inexpugnável fronteira da Faixa de Gaza. (CNN) O ex-presidente e candidato Republicano à Casa Branca Donald Trump sentou-se ontem perante um juiz, em Nova York. Ele é acusado pela procuradoria de ter falsificado documentos e mentido para evitar o impacto de escândalos sexuais sobre suas chances de ser eleito, em 2016. Seus advogados pediram ao júri que usem de "bom senso" e evitem impacto sobre o pleito deste ano. O julgamento deve se encerrar antes das eleições presidenciais. (New York Times) |
COMENTÁRIOS