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Blindagem da Justiça une Centrão e bolsonaristas na Câmara

O acordo que possibilitou o fim do motim na Câmara dos Deputados une bolsonaristas e Centrão em uma pauta: a blindagem de parlamentares contra o Judiciário. Líderes do PP, PSD e União Brasil se juntaram ao PL em negociação no gabinete de Arthur Lira (PP-AL), padrinho político do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e fecharam a lista de projetos à revelia do afilhado. Ela inclui o fim do foro privilegiado, para retirar processos contra congressistas do Supremo Tribunal Federal (STF), a necessidade de aval do Legislativo para que um parlamentar seja investigado, e restrição de prisão apenas em casos de flagrante ou por crime inafiançável. A estratégia para acelerar essa votação para a semana que vem já está sendo desenhada pelos líderes e inclui remeter alguns processos não à primeira instância, mas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), conta Malu Gaspar. Motta ainda tentou projetar alguma noção de liderança. “A presidência da Câmara é inegociável. A negociação feita pela retomada (dos trabalhos) não está vinculada a nenhuma pauta. O presidente da Câmara não negocia prerrogativa com oposição, governo, ninguém”, disse. Mas o consenso mesmo é de que ele foi o grande derrotado da rebelião, ao se mostrar um presidente incapaz de conter o motim, inábil nas negociações e que por pouco não foi humilhado por um deputado que recusava entregar-lhe a cadeira de presidente da Casa diante de um plenário cheio e das câmeras de televisão. (Globo)
Sóstenes Cavalcante, deputado líder do PL, admitiu que Motta não fechou acordo pela votação da anistia aos acusados de golpismo e pediu perdão ao presidente da Câmara: “Há um compromisso dos líderes dos partidos que eu anunciei. E nós, líderes dos partidos, que compomos a maioria desta casa, vamos pautar, sim, o fim do foro privilegiado e a anistia”. (UOL)
No Senado, a situação foi diferente. Após o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciar que não cederia à pressão dos bolsonaristas, até os senadores que haviam se acorrentado na mesa diretora aceitaram abandonar o protesto. Na manhã desta quinta-feira, em votação simbólica que levou 15 minutos, o Senado aprovou o projeto de lei que amplia a isenção do imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos. Agora, o texto segue para sanção presidencial. Mas o clima ainda é de pressão dos oposicionistas para que Alcolumbre paute o impeachment do ministro do Supremo Alexandre de Moraes e conseguiram colher 41 assinaturas apoiando a ideia. Alcolumbre, no entanto, disse que não há possibilidade de isso acontecer. “Nem com 81 assinaturas vou pautar o impeachment de um ministro do Supremo”, disse. (Metrópoles)
Já o deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL) passou a defender o impeachment não só do ministro Alexandre de Moraes, mas também do presidente do Senado. Ao tomar conhecimento da decisão de Alcolumbre de não pautar a expulsão de Moraes do STF, o deputado afirmou que agora “serão dois impeachments”. (Estadão)
Do outro lado da esfera política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almoçou com Gilberto Kassab, presidente do PSD e secretário de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, no Palácio do Alvorada, em encontro fora da agenda oficial. Lula disse a Kassab que parlamentares do centrão e da oposição erram ao bloquear a votação de pautas de interesse do governo e apoiarem taxas e sanções impostas por Donald Trump, o que já vem sendo detectado em pesquisas. O almoço aconteceu enquanto Tarcísio visitava Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, com autorização do ministro Alexandre de Moraes. Ao receber o convite, Kassab reforçou para a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que o PSD tem candidato à Presidência da República e que uma aliança com vistas a 2026 não deveria estar em pauta. (Folha)
Dá licença
O presidente Lula iniciou nesta quinta-feira um giro de ligações para os líderes dos Brics para tratar das tarifas americanas aplicadas contra os países do bloco. Lula passou uma hora conversando com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, um dia após o presidente americano Donald Trump aplicar uma sobretaxa de 25% aos produtos indicados, ampliando o tarifaço aplicado ao país asiático para 50%. Na conversa, Lula concordou em visitar a Índia no início do ano que vem. Em outubro, o vice-presidente Geraldo Alckmin deve ir ao país para participar de uma reunião preparatória. (Globo)
Alckmin, aliás, tirou a quinta-feira para se encontrar com o encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar. O encontro ocorreu na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, comandado por Alckmin. A reunião ocorre um dia após a entrada em vigor do tarifaço americano. A agenda do encontro não foi divulgada pelo MDIC. Os EUA seguem sem embaixador no Brasil, e Escobar é a mais alta autoridade diplomática de Washington no país. (g1)
Mas nem mesmo o encontro com o vice-presidente brasileiro evitou que a embaixada americana renovasse as ameaças ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Em uma publicação no X, a representação diplomática americana voltou a acusar Moraes de ser o “arquiteto da censura e perseguição” a Bolsonaro. A publicação ainda afirma que está “monitorando de perto a situação” e aqueles que apoiem ou facilitem as decisões tomadas pelo ministro. “Estão avisados”, escreveu a embaixada. (Estadão)
O governo de Israel aprovou hoje um plano para expandir a guerra e assumir o controle de Gaza, em uma decisão que contraria as recomendações dos militares israelenses. Após 10 horas de deliberações, a maioria do gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apoiou a sua proposta. É possível que, numa fase seguinte, os militares avancem para áreas centrais do enclave onde se acredita que o Hamas mantenha os reféns capturados no 7 de outubro de 2023, mas o anúncio do governo não se comprometeu explicitamente a fazer isso. O objetivo, segundo o comunicado, é alcançar uma vitória decisiva sobre o Hamas e autorizar a prestação de ajuda humanitária à população civil “fora das zonas de combate”, afirma o texto. Netanyahu afirmou que Israel não tem intenção de ocupar o território indefinidamente. Com uma frágil aliança no Parlamento, Bibi conta com o apoio de partidos radicais de extrema-direita que defendem que Gaza se transforme em um novo assentamento para colonos judeus e a expulsão dos palestinos. (New York Times)
Familiares dos reféns que seguem em Gaza criticaram duramente a decisão. Em uma ação desesperada para colocar pressão no primeiro-ministro israelense para aceitar um acordo de cessar-fogo, parentes dos reféns começaram a navegar em direção a Gaza. Vários barcos saíram do porto de Ashkelon em direção ao enclave como forma de protesto. (CNN)
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Cotidiano Digital
A OpenAI lançou nesta quinta-feira o GPT-5, seu sistema de inteligência artificial mais avançado até agora. O novo modelo chega com ganhos expressivos em desempenho e promete ser mais útil para o mundo real, especialmente nas áreas de codificação, matemática, saúde e escrita. O GPT-5 também marca a estreia de um “roteador” que decide automaticamente quando usar versões mais simples ou profundas da IA, com base na complexidade da pergunta. A versão Pro oferece raciocínio estendido. A OpenAI afirma que o modelo é mais confiável, alucina menos, segue melhor as instruções e evita bajulações. Segundo a empresa, trata-se do primeiro sistema com “respostas de nível doutorado”. Ainda assim, analistas apontam que o salto entre o GPT-4 e o GPT-5 é menor do que avanços anteriores. (Meio e Reuters)
Elon Musk afirmou em uma live com anunciantes que o X planeja começar a exibir anúncios nas respostas do Grok, seu chatbot de IA. A mudança mira na recuperação do setor publicitário da plataforma, abalado desde a saída de Linda Yaccarino da presidência. As marcas vão poder pagar para aparecer quando o usuário fizer perguntas relacionadas a seus produtos ou serviços. Ele também afirmou que a tecnologia da xAI, sua startup de IA, será usada para refinar a segmentação de anúncios no X. (TechCrunch)
A Justiça de São Paulo rejeitou o recurso da Netflix contra multa de R$ 12,5 milhões aplicada pelo Procon-SP. A penalidade foi imposta após a empresa restringir o compartilhamento de senhas entre usuários que não vivem na mesma casa, regra em vigor desde maio de 2024. Para a juíza Simone Gomes Rodrigues, faltam parâmetros claros sobre o que constitui uma “residência Netflix” e como clientes com múltiplos lares ou que viajam frequentemente podem acessar a plataforma. A Netflix tem dez dias para recorrer. (Veja)
Viver
O presidente Lula deve vetar parcialmente o projeto que cria novas leis ambientais. Os pontos a serem vetados foram debatidos em reunião com ministros, incluindo Marina Silva (Meio Ambiente) e Rui Costa (Casa Civil). São dois os pontos mais sensíveis ao governo: a mudança das atribuições do Ibama e do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a nacionalização da licença autodeclaratória. (UOL)
Dados do sistema Deter divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente mostram que o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal teve aumento de 4% de agosto de 2024 a julho de 2025. A pasta afirma que o crescimento tem relação com mais áreas destruídas por incêndios no período em função das mudanças climáticas. Já no Cerrado houve uma queda de 20%. Destaque para o Pantanal, que teve redução de 72% no desmatamento e queda de 9% nos focos de incêndio. (g1)
Os jogadores brasileiros Vini Jr., do Real Madrid, e Raphinha, do Barcelona, estão entre os indicados à Bola de Ouro 2025. Estêvão está entre os selecionados ao Troféu Kopa, voltado para o melhor jogador sub-21, enquanto Alisson Becker concorre como melhor goleiro. No feminino, Marta e Amanda Gutierres foram indicadas ao prêmio de melhor do mundo. O Botafogo é o único time não europeu a disputar como melhor clube do ano. Os vencedores serão anunciados em cerimônia no dia 22 de setembro. (ge)
Meio em vídeo. Novo programa do Meio, o Meio de Campo trata sobre o futebol e sua história ao longo dos 162 anos da bola rolando. No Pedro+Cora, os apresentadores, o professor de Literatura Idelber Avelar e o professor de Ciência Política Diego Ambrosini, contam a Pedro Doria e Cora Rónai causos curiosos sobre o futebol brasileiro. Eles também explicam como surgiu a ideia do programa, demonstrando a paixão que têm pelo esporte mais emblemático do Brasil. (YouTube)
Mais Meio em vídeo. Mariliz Pereira Jorge questiona a validade de usar experiências pessoais como régua para interpretar a sociedade e avaliar a capacidade dos homens de amar. No De Tédio a Gente Não Morre, ela desmonta generalizações apressadas, aponta o vício do amor romântico ainda presente nas mulheres, que muitas vezes se apaixonam por qualquer homem que sorri, e lembra que sentimentos individuais não substituem análise estrutural. Confira. (YouTube)
Cultura
Celebrando o centenário de Gilberto Chateaubriand, um dos maiores colecionadores de arte do país, o Museu de Arte Moderna do Rio inaugura neste sábado a exposição Gilberto Chateaubriand – Uma Coleção Sensorial, um dos destaques da agenda cultural deste fim de semana. Já no Vivo Rio, a cantora baiana Luedji Luna canta músicas dos discos Um Mar para Cada Um e Antes que a Terra Acabe. Em São Paulo, a Cinemateca Brasileira abre o programa 1975 – 50 Anos Depois com filmes nacionais restaurados em 4K. E ainda tem a exposição Águas Abertas no Parque Linear Bruno Covas. Leia todas as sugestões no site do Meio.
A equipe do documentário que filmou a empresa fictícia de papel Dunder Mifflin, em The Office está de volta, com o trailer oficial da série derivada The Paper. A nova comédia acompanha a equipe de um jornal em dificuldades do Centro-Oeste americano, que por acaso emprega o ex-funcionário da empresa de papel Oscar Martinez, mais uma vez interpretado por Oscar Nunez. No trailer, o grupo se junta para ter grandes ideias sobre como revitalizar o jornal, que divide o espaço com uma empresa de papel higiênico. A série estreia no canal Peacock com quatro episódios em 4 de setembro. (Variety)
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