Seja bem vindo
Cascavel,05/08/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

Vander Piaia

O ano do grande maremoto!


O ano do grande maremoto! Economista David Ricardo - Foto: reprodução

Nosso ano, 2025, o primeiro quarto do século XXI, ficará para a história como o ano das grandes mudanças nas relações internacionais de troca. Afora os tempos de guerra, nunca houve mudanças tão bruscas e radicais no comércio exterior dos países. Tal maremoto tem origem – a política agressiva do presidente americano Trump que, desconsiderando acordos e costumes estabelecidos ao longo de décadas, resolveu impor (e expor) a potência americana. A principal teoria norteadora do comércio entre países foi criada ainda na primeira metade do século XIX, por David Ricardo, um brilhante economista inglês, que ficou conhecida nos anais da ciência econômica como a Teoria das vantagens comparativas. Basicamente, a teoria sugere que todos os países devem ter espaço para venda de suas mercadorias nos mercados externos, pois seria uma maneira de obter receitas e pagar a própria conta de suas importações. A teoria avançava também, ao propor que os países se especializassem em produzir os bens que exigissem menor custo, por exemplo, não seria viável para um país de clima frio produzir frutas tropicais. Tal tarefa deveria ser realizada por países com clima e solo adequados, visto que produzir mangas, por exemplo, na Suíça exigiria muitos recursos, o que encareceria os produtos. Em contrapartida, não haveria problemas para que o país desenvolvesse fábricas de chocolate, mesmo com matéria prima de países mais quentes. Era desse modo que Davi Ricardo via tais relações comerciais, como uma via de mão dupla, em que países se tornassem interdependentes economicamente e assim haveria benefício a todos os envolvidos.

Os Estados Unidos são herdeiros dessa tradição do comércio liberal. Tanto é que basta ir às prateleiras de seus supermercados para constatar. Lá se encontram disponíveis produtos do mundo inteiro, desde frutas, legumes e também produtos manufaturados, tais como roupas, móveis, brinquedos e tudo o mais que se possa imaginar de produtos vendáveis nesses locais. Pode-se também observar as ruas para se chegar a idêntica conclusão, basicamente todas as marcas de automóveis de diferentes países singram as ruas e rodovias da grande nação americana. Contudo, é difícil imaginar que tamanha variedade continue disponível, caso de fato vingue as idiossincrasias do presidente americano.

Vale notar que as teorias de Ricardo nunca foram unanimidade, mesmo assim, ela tem se mostrado eficiente ao longo do tempo. Uma das críticas remete à artificialidade criada no mercado devido às políticas de impostos de importação. Essas normalmente são utilizadas por países menos desenvolvidos como uma maneira de fomentar o próprio crescimento de sua economia. De fato, os países costumam usar tal estratégia com muita frequência, inclusive o Brasil, que durante todo o século XX lançou mão desse recurso como maneira de alavancar a indústria nacional, política essa que também se mostrou acertada.  Surpresa é justamente a maior nação econômica do mundo lançar mão de idêntico recurso, visto que por hipótese, não necessitariam.

Outro aspecto no mínimo instigante é que no caso americano, a corrente dita “intervencionista” sempre foi mais próxima do ideário dos Democratas do que dos republicanos. Esses últimos sempre foram fieis defensores da tradição do mercado e de um Estado mais leve. Logo, se pode afirmar que a política protecionista de Trump é no mínimo paradoxal. Os resultados desse maremoto ainda é imprevisível, mas enquanto isso vamos nos manter vivos, pois quem viver, verá!


- Vander Piaia é comentarista econômico e professor da Unioeste




COMENTÁRIOS

LEIA TAMBÉM

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.