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Cascavel,05/08/2025

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De médico a paciente: conheça a trajetória de Romeu Tolentino

Nesta entrevista, o médico relata sobre sua vida profissional e o momento em que precisou de um transplante de fígado

Fonte: Douglas Trukane
De médico a paciente: conheça a trajetória de Romeu Tolentino





Makelen Rotta
da redação

Graduado em medicina pela Faculdade Evangélica de
Curitiba, Romeu Tolentino, 75, fez residência médica em Oftalmologia no
Hospital Evangélico de Curitiba e no Hospital de Olhos do Paraná. Tem título de
Especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, é membro da American
Academy of Opghthalmology e membro sócio do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia.

Casado com Rosa Tolentino, pai de Andressa e Diego, e avô
de dois, Dr. Romeu conta um percurso de atuação em diversas instituições na
sociedade, iniciado ainda na época da faculdade em que foi presidente de
diretório acadêmico e de conselho de médicos residentes. Sua história faz parte
do desenvolvimento da oftalmologia em Cascavel, local onde iniciou seus
trabalhos em 1981. São mais de 40 anos dedicados a medicina, com um atendimento
humanizado e visão empreendedora. Atualmente, Tolentino também é o idealizador de
uma campanha que busca sensibilizar a população acerca da doação de órgãos,
motivo pelo qual o levou a iniciar a ação. Saiba mais a respeito nas próximas
linhas.

JCM – Por que optou pela Oftalmologia?

Dr. Romeu – Quando
estava no quinto ano da faculdade estagiei em Obstetrícia, achando que iria me
especializar nesta área. Porém, no primeiro plantão já percebi que não era isso
que eu realmente queria, porque as crianças nascem de madrugada e eu gosto de
dormir (risos). Pois bem, meu concunhado, que é oftalmologista, me convidou
para ver cirurgias e depois de um tempo me chamou para auxiliá-lo. Logo também passei a trabalhar em um consultório de oftalmologia. Me formei em
1978 e então iniciei a especialização, voltada principalmente ao traumatismo de
globo ocular.

JCM – Como foi o início do seu trabalho em Cascavel?

Dr. Romeu – Minha
ideia era abrir uma clínica, mas eu não tinha condições, então
fui trabalhando e, quando consegui, montei um negócio. Éramos em dois sócios e
ficamos 14 anos trabalhando juntos até nos separarmos e eu fundar esta unidade,
em 1998. Muitas profissionais já passaram por aqui e atualmente o Centro
Especializado em Oftalmologia do Oeste do Paraná (CEOP) conta com
mais três médicos oftalmologistas, um deles, inclusive, é meu filho. Também
atuei por 10 anos no Hospital Policlínica, fazendo atendimentos e cirurgias.

JCM – Como você avalia a sua experiência
profissional e a evolução da medicina, levando em conta o desenvolvimento
tecnológico?

Dr. Romeu – A
evolução foi muito grande e importante. Quando iniciamos na profissão era muito
difícil fazer operações, o microscópio e os materiais cirúrgicos eram
inferiores aos que temos atualmente. Por exemplo: antigamente, numa cirurgia de
catarata, não existiam lentes para colocar nos olhos, então receitávamos óculos
de 14 graus e o paciente tinha que passar cinco dias deitado. Hoje, a cirurgia
termina e o paciente levanta e vai embora. Cirurgias que eram realizadas com
cortes hoje são feitas a laser. A mudança nos procedimentos contribuiu para uma
recuperação mais rápida o que é extremamente benéfico para o paciente e nós
enquanto profissionais temos que acompanhar os avanços. Então, fui a
congressos, cursos e capacitações, e com o tempo me aprimorei e adquiri
equipamentos novos, tudo para chegar na tecnologia de ponta que há hoje.

JCM – Você precisou passar por um transplante de
fígado há nove anos. Como foi a descoberta da doença?

Dr. Romeu – Em
1990 adquiri o vírus da hepatite e naquela época não havia tratamento. Oito
anos depois, levei meu filho para tirar sangue e, como ele tinha medo, tirei o
meu também. Com o exame fui informado que meu número de plaquetas estava muito
baixo. Então fui até um hematologista que não conseguiu um diagnóstico. Depois,
ao fazer um ultrassom no fígado, descobri que estava em um estágio avançado de
cirrose. Tiveram vários desdobramentos e, apesar de fazer um acompanhamento em
São Paulo, certo momento entrei em coma e acordei somente após três dias.
Depois de dois meses, isso ocorreu novamente e então fui a Blumenau, fiz a
inscrição para o transplante e fiquei aguardando na fila. Em um terceiro
episódio de coma, acordei em um hospital em Curitiba e descobri que além da
insuficiência hepática, também tinha insuficiência renal, o que me deixava em
risco de morte.

JCM – Como você reagiu a situação e como foi
o processo de transplante?

Dr. Romeu – Devido
ao risco, fui colocado em primeiro na fila de transplante, mas mesmo assim tive
que aguardar um fígado que estivesse disponível e que fosse compatível. Olha
como são as coisas: alguém teria que morrer para eu me salvar. Poxa! E o fígado
apareceu. Fiz o transplante, me recuperei e minha qualidade de vida melhorou
muito. Tudo o que aconteceu comigo fez com que meu espírito se aperfeiçoasse.
Acredito que se minha vida foi preservada é porque ainda tenho coisas a fazer.
Recebi esse presente que dinheiro algum pode pagar.

JCM – A campanha sobre doação de órgãos veio
como uma forma de retribuição pelo transplante?

Dr. Romeu – Sim.
Uma hora me deu um "clique" e eu soube que precisava fazer algo. Foi então que
idealizei a campanha e de dois anos pra cá faço palestras para conscientização
das pessoas sobre a importância de se doar órgãos.

JCM – O que espera conquistar com esta
campanha?

Dr. Romeu – Quero “abrir”
os olhos das pessoas. Eu recebi um órgão, não conheci a pessoa que me doou e
não gastei nada no procedimento. É necessário divulgar isso, pois há muitas
pessoas precisando de transplante.

JCM – Para finalizar, o que
você ainda pretende fazer em sua vida?

Dr. Romeu – 
muitas coisas que não fiz ainda! Em 100 anos não conseguimos fazer tudo
(risos). Pretendo continuar da maneira como sempre fiz, talvez desacelerar um
pouco, mas continuarei me envolvendo com as coisas e até o fim da minha vida
vou falar sobre doação de órgãos, pois só estou vivo por isso. Jamais vou
parar, estou muito bem fazendo o que gosto. Deus dá nos dá a carga que
suportamos, então Ele sabe que tudo que eu começar, vou cumprir. 









































 




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