Filhos e filhas,

Começamos o mês de agosto, tempo especial em nossa Igreja: o mês vocacional. Quando falamos em vocação, é comum pensarmos logo na vocação sacerdotal, na vida familiar, religiosa ou leiga. E com razão, pois a cada domingo deste mês celebramos uma dessas vocações. No entanto, nesta mensagem, quero destacar que todos nós temos uma vocação.
A primeira grande vocação que recebemos é o dom da vida. Não somos fruto do acaso: Deus nos chamou à existência com amor. A Escritura nos diz: “Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus”   (Ef 2,10). Não estamos neste mundo por sorte ou destino, mas por um chamado divino. Cada pessoa é desejada e convidada por Deus a viver na liberdade de seus filhos.
Outra vocação que partilhamos é a que nasce do nosso Batismo: a vocação à santidade. Pelo Batismo, somos inseridos na vida cristã e nos tornamos parte do povo de Deus. A partir dele, participamos do tríplice múnus de Cristo: sacerdote, profeta e rei (cf. 1Pd 2,9). Somos chamados à fé e ao discipulado, a seguir Jesus e a testemunhar Seu amor.
A santidade consiste em buscar a perfeição no seguimento de Cristo, vivendo e anunciando o Evangelho, sendo presença Dele onde estivermos, fazendo parte de uma comunidade viva, como membros do Corpo de Cristo, a Igreja.
Diante dessas vocações comuns, a vida e o Batismo, precisamos nos perguntar: estamos sendo testemunhas ou contratestemunhas? A Palavra de Deus nos exorta: “Estejam sempre prontos a responder, com mansidão e respeito, a todo aquele que vos pedir a razão da vossa esperança” (1Pd 3,15).
Estar “pronto” significa estar decidido, convicto. Em qualquer estado de vida, é preciso reconhecer que Jesus é o Salvador e que somos enviados a proclamar o Evangelho. A Igreja nos convida continuamente a sermos uma Igreja em saída. “Vão em missão”, é o apelo que ressoa. Não podemos viver na inércia ou na acomodação. Isso seria desrespeito com a missão da Igreja e com as palavras de Jesus: “Ide, fazei discípulos meus entre todas as nações” (cf. Mt 28,19).
O grande protagonista da evangelização é o Espírito Santo, mas Ele conta com a nossa colaboração. Ele precisa do nosso “sim”. Todos somos chamados a evangelizar, não importa se casados, solteiros ou viúvos, em nossos lares, ambientes de trabalho, pastorais, comunidades de vida ou de aliança. Somos convocados a assumir a missão com coragem e prontidão.
O Apóstolo Pedro nos ensina que a razão da nossa esperança é aquilo em que cremos de verdade, aquilo que dá sentido à nossa vida, que nos move e nos faz ser Igreja. Isso é o que nos impulsiona à missão.
Se conseguíssemos conduzir mais pessoas à fé em Jesus e, por consequência, à comunhão com a Igreja, viveríamos uma nova evangelização. Parece algo simples, mas é um grande desafio. Partilho com vocês algo pessoal: fui fortemente incentivado a seguir o sacerdócio pelo testemunho de um padre. Muitas pessoas se perguntam por que entrei no seminário aos 11 anos. Para mim, foi algo muito natural. Nunca fui forçado, nem fugi de nada. Tive e tenho uma família maravilhosa.
Com o tempo, percebi que quem me inspirou foi meu pároco, Monsenhor Sétimo Giacobo, um italiano culto, pianista, profundo conhecedor da liturgia, excelente orador. Ao vê-lo, ainda menino, nasceu em mim o desejo de ser padre. Hoje, o que mais desejo é que um dia um jovem diga: “Olhei para o seu sacerdócio e senti vontade de ser padre.”
Da mesma forma, todos nós deveríamos desejar ser inspiração para alguém. Que a nossa vida, nossa busca por santidade, nossa comunidade de fé, despertem nos outros o desejo de viver com mais intensidade o cristianismo. Isso é gerar filhos no Espírito. Essa deveria ser nossa meta.
Que o Senhor nos conceda a graça de vivermos intensamente este mês vocacional.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti