Uma vitória esmagadora. Uma avalanche. A imprensa britânica definiu assim o resultado das eleições de ontem, confirmado nesta madrugada, em que o Partido Trabalhista tirou os conservadores do poder após 14 anos. O advogado de direitos humanos e ex-procurador-geral Keir Starmer será o novo primeiro-ministro, substituindo Rishi Sunak e levando os trabalhistas de volta ao número 10 de Downing Street. A legenda vencedora conquistou 412 assentos entre os 650 da Câmara dos Comuns, bem acima dos 326 necessários para uma maioria (os números ainda estão sendo atualizados). Starmer deve nomear todo o seu gabinete até o fim do dia — e, ainda nesta sexta-feira, será nomeado pelo Rei Charles no Palácio de Buckingham. O Partido Conservador ganhou 120 assentos e os liberais democratas terão a terceira maior bancada, com 71 cadeiras. O Partido Trabalhista governará com maioria de 177 cadeiras em relação aos representantes de outras 13 legendas. É a maior vitória desde que Tony Blair virou primeiro-ministro, em 1997. Já para os conservadores, esta é a pior derrota desde 1900. “Por todo o país, as pessoas acordarão com as notícias aliviadas, pois um fardo foi tirado dos ombros desta grande nação. O sol da esperança está retornando ao nosso grande país”, disse Starmer. (BBC e Guardian) A ascensão dos trabalhistas pode esconder o crescimento da extrema direita, alerta Kai Enno Lehmann, professor da Universidade de São Paulo e doutor em relações internacionais pela Universidade de Liverpool. E o sinal disso é o bom desempenho do Reforma, o ex-Brexit liderado por Nigel Farage. “Mesmo sem ganhar muitas cadeiras no Parlamento, o impacto desse partido sobre o Brexit, sobre políticas públicas em relação à imigração, ao estado de bem-estar social, tem sido enorme”, destaca. O Reforma terá apenas quatro assentos na Câmara dos Comuns, mas foi a terceira maior legenda em número de votos, com apoio de mais de 4 milhões de eleitores (14,3% do total), e só não terá mais cadeiras no Parlamento pelas regras do sistema eleitoral britânico, que pune partidos que tenham apoio pulverizado pelo país, e não concentrado em áreas geográficas específicas. (Meio) Pippa Crerar: “Ao longo da campanha eleitoral, Starmer argumentou que as políticas do manifesto trabalhista são apenas ‘primeiros passos’ para mudanças mais dramáticas no futuro que, se feitas corretamente, serão transformadoras. Os eleitores parecem ter dado a ele a oportunidade de tentar. Não será fácil, mas agora caberá a ele entregar”. (Guardian) Sean O’Grady: “Nigel Farage, ao que parece, pode ter tido razão quando disse que ‘alguma coisa está acontecendo lá fora’. Os outros partidos democráticos terão de levar essa questão um pouco mais a sério no futuro. Farage costuma dizer que quer ser um incômodo — agora ele tem alguns cúmplices para ajudar”. (Independent) Enquanto isso... O astro do futebol Kylian Mbappé classificou o primeiro turno das eleições francesas como “catastrófico” e convocou os eleitores a votarem no domingo contra a extrema direita. “Há uma emergência, não podemos deixar o nosso país nas mãos destas pessoas, é realmente urgente”, disse Mbappé na Alemanha, onde disputa hoje, contra Portugal, as quartas-de-final da Euro 2024. (CNN) O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal na investigação sobre apropriação e venda de presentes de luxo recebidos durante seu governo, inclusive joias milionárias. De acordo com a PF, ele é suspeito de ter cometido os crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Outras 11 pessoas, entre elas alguns aliados próximos de Bolsonaro, também foram indiciados, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Cid; o pai dele, general Mauro César Lourena Cid; os advogados Frederick Wassef e Fabio Wajngarten; além do ex-ministro de Minas e Energia Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior. O relatório final da PF será entregue ao Supremo Tribunal Federal. De lá, o ministro Alexandre de Moraes vai encaminhá-lo à Procuradoria-Geral da República, que vai indicar se oferece ou não denúncia contra os investigados. (Estadão) A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que também foi investigada pela PF e citada durante a apuração do caso, não foi indiciada. A PF não viu elementos suficientes para recomendar o envolvimento da atual presidente do PL Mulher, conta Malu Gaspar. (Globo) Bolsonaro nega qualquer irregularidade. Paulo Cunha Bueno, advogado do ex-presidente, disse que não iria se manifestar por não ter tido acesso ao documento da PF. A pena para o crime de peculato é reclusão de 2 a 12 anos e multa. No caso de lavagem de dinheiro, o tempo de prisão varia de 3 a 10 anos, além de multa. Já associação criminosa prevê pena de reclusão de um a três anos. (g1) O indiciamento não leva, necessariamente, à prisão dos investigados. Mas a PGR pode pedir e o STF pode determinar a detenção de Bolsonaro e seus auxiliares se entender que, soltos, eles podem comprometer a investigação. Confira quais são os próximos passos. (UOL) E a PF realizou ontem uma operação contra fraudes em cartões de vacina, em esquema que ocorreu a partir da prefeitura de Duque de Caxias (RJ) e que teve Bolsonaro como um dos beneficiários. Alvo da operação, Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário estadual de Transporte e Mobilidade, disse ter “zero” envolvimento com o esquema. Em março, a PF indiciou Bolsonaro e mais 16 por supostamente fazerem parte de associação criminosa responsável por inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. (CNN Brasil) Meio em vídeo. A valorização da mulher na sociedade ainda depende de sua capacidade de procriar e manter um casamento. É o que mostra Pablo Marçal ao afirmar que Tabata Amaral não pode ser prefeita porque não tem filhos e não é casada. Não é um pensamento isolado. É o que pensa Mariliz Pereira Jorge. Assista no De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube) Dia da Marmota em BrasíliaMarcelo Martinez 
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