Assembleia abre Outubro Rosa com relatos de superação e alerta para prevenção do câncer de mama
Sessão solene emocionou participantes e reforçou a importância do diagnóstico precoce diante da estimativa de quase 10 novos casos da doença por dia no Paraná

O Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná mudou de cor para ouvir lições de superação e coragem durante evento de celebração ao Outubro Rosa. O evento abriu a programação do Parlamento neste mês de conscientização e prevenção contra o câncer de mama. Uma ação solene, emocionante e necessária diante da projeção do INCA de que dez mulheres por dia serão diagnosticadas com a doença no estado.
“Isso significa 3.650 casos por ano e representa a maior causa de morte por câncer entre mulheres no Paraná. Por isso, o Outubro Rosa traz essa mensagem para nós, mulheres: a importância do autoexame, do autocuidado e, especialmente, da realização periódica da mamografia. Agora disponível no SUS a partir dos 40 anos, essa era uma demanda da sociedade”, destacou a deputada e Secretária Márcia Huçulak (PSD), proponente do evento.
Segundo a parlamentar, apesar de os fatores genéticos representarem entre 10% e 15% dos casos, os riscos podem ser reduzidos com a adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de atividade física, controle do peso, não fumar e diminuir o estresse. “É um diagnóstico que nenhuma de nós deseja. Mas, por outro lado, a boa notícia é que há tratamento. Diagnosticado na fase inicial, o câncer de mama tem 95% de chance de cura”, acrescentou.
A primeira-dama Luciana Saito Massa falou sobre o programa Paraná Rosa, criado em 2019, que este ano passou a realizar busca ativa, especialmente na zona rural, com o atendimento da Carreta da Saúde da Mulher. A unidade móvel é equipada com consultórios itinerantes para a realização de exames gratuitos, incluindo mamografia – com 605 já realizadas em 2025. Até o fim do próximo ano, a carreta deve percorrer 48 cidades, garantindo atendimento e diagnóstico precoce a milhares de mulheres. Ela aproveitou para anunciar que o veículo será doado pela Volkswagen do Brasil ao Governo do Estado, garantindo a continuidade do programa.
“Quando pensei nessa carreta, pensei na minha mãe, que quando era mais jovem não tinha tantas informações. Por isso este mês é tão importante. O que está sendo feito é reconhecer o trabalho de muitas mulheres em prol de outras. O câncer de mama ainda mata muitas mulheres e precisamos nos unir para levar a informação sobre o diagnóstico precoce e a prevenção”, afirmou Luciana.
Um estudo da Public Health Practice mostrou que a conscientização aumenta significativamente o número de mamografias realizadas pelo SUS: em outubro, os exames crescem 33% em relação à média, chegando a 39% em novembro e 22% em dezembro. A pesquisa utilizou a base de dados do Ministério da Saúde sobre rastreamento mamográfico.
Ações
A secretária de Saúde de Curitiba, Tatiane Filipak, enfatizou que as iniciativas precisam ir além do Outubro Rosa. “A genética é influenciada pelo meio, e é aqui que entramos para tratar da mudança de hábitos. A Secretaria conseguiu ampliar e facilitar o acesso com ações como o Circuito de Cuidados da Saúde da Mulher, disponível nas 109 unidades de saúde da cidade. Oferecemos exames, vacinas, testes rápidos, encaminhamentos e orientações, e em algumas unidades o atendimento foi estendido aos sábados neste mês”, explicou.
A vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Albani Fracaro, destacou o trabalho de apoio e acolhimento de diversas entidades e voluntárias. Já a vice-coordenadora do Conselho da Mulher Empresária da ACP fez um chamado aos homens para que estejam presentes e acompanhem as mulheres em tratamento.
“Existe vida após o diagnóstico. Muitas voluntárias levam essa mensagem como mulheres que já viveram a experiência do câncer de mama. Nossa secretaria também transmite essa mensagem com uma agenda extensa em outubro, para mostrar que Curitiba tem um pacto com as mulheres. A política para as mulheres é plural, ampla e precisa de todos”, afirmou a secretária municipal da Mulher e Igualdade Étnico-Racial, Marli Teixeira.
Testemunhos
Depoimentos emocionantes marcaram a solenidade. A estudante de Direito Tayná Machado, de 24 anos, contou que passou por três médicos até receber o diagnóstico de câncer de mama triplo negativo, considerado um dos mais agressivos, pois as células cancerígenas crescem e se multiplicam rapidamente.
“Tenho um histórico de negligência médica, por isso acho importante munir as mulheres e as jovens com conhecimento técnico para que consigam ter posicionamento ao conversar com a equipe médica e ao receber um diagnóstico. Que elas façam questionamentos e não adotem uma postura passiva. Foi essa insistência em procurar um quarto profissional que salvou a minha vida”, relatou, hoje uma ativa divulgadora sobre como enfrentar a doença sem perder a autoestima e a alegria.
Tayná destacou a necessidade de quebrar paradigmas, como a crença de que mulheres jovens não podem ter câncer de mama ou de que a doença não causa dor, evitando assim tragédias como a que quase ocorreu com ela.
Também militante em ações de apoio, a odontóloga Carolline Buffara de Castro descobriu o câncer de mama – também triplo negativo – no dia de seu aniversário de 41 anos. Integrante da Associação das Acácias e terapeuta do método Louise Hay, ela relatou que, mesmo após um exame negativo, decidiu realizar uma nova avaliação que detectou a doença.
“É importante acreditar na intuição. Estar aqui é como se tudo o que passei tivesse valido a pena. Deixar a esperança no coração de outra mulher é ajudá-la a se curar. Muitas vezes estamos apenas sobrevivendo e precisamos enfrentar um câncer ou uma situação grave para entender que a escolha de viver deve ser diária”, disse, sendo aplaudida de pé.
A escritora e consultora Ana Adad falou sobre o poder da escuta e do diálogo para enfrentar tanto o diagnóstico quanto o tratamento. “Saber lidar com nossas emoções é fundamental para nos conectarmos com o outro. Apesar deste mês de prevenção, dos genes e das probabilidades de desenvolver a doença, o mais importante é o meio em que vivemos e como lidamos com nossas questões emocionais”, afirmou. Ela acaba de lançar o livro Comunicação Curativa.
Já a cirurgiã oncológica Priscila Morosini compartilhou sua experiência como médica nos hospitais São Vicente, Pilar e Santa Cruz, em Curitiba, e também no projeto PorMinhasMamas Podcast, que busca incentivar o autocuidado como forma de reduzir os casos de câncer. “Não tem como falar de Outubro Rosa sem falar de educação. Só a educação continuada pode mudar esse cenário, marcado por desigualdades de acesso. A ciência avança e nos mostra novas possibilidades de cura, mas ainda vemos mulheres que chegam tarde, devido à desinformação. Educação gera transformação e vida”, destacou.
Menção honrosa
Durante a solenidade, nove instituições receberam títulos de menção honrosa pela dedicação ao tratamento e apoio a mulheres com câncer, formando uma rede fundamental para o enfrentamento da doença. Foram homenageados: Instituto Atitude na Cabeça; Associação de Apoio às Mulheres com Câncer em Colombo (AMUCC); Liga Paranaense de Combate ao Câncer/Hospital Erasto Gaertner; Centro de Apoio a Pacientes Oncológicos Dr. Bezerra de Menezes (Capo); Embaixadores do Bem; Associação Amigas da Mama (AAMA); Projeto PorMinhasMamas; Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (APACN); e Instituto Humanista de Desenvolvimento Social (HUMSOL).
Assista na íntegra a solenidade clicando aqui.
COMENTÁRIOS