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Cascavel,09/05/2025

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Juliano Gazola

Adorar e viver, a única conta que fecha!


Adorar e viver, a única conta que fecha!

A relação com o transcendente constitui um dos mais fundos desafios da existência. No Império Romano, havia uma prática curiosa e reveladora: as estátuas dos imperadores não tinham cabeça fixada. Ao mudar o poder de mãos, era apenas necessário substituir a cabeça com o objetivo de atestar o símbolo da autoridade. Era uma metáfora exemplar da natureza passageira do poder de base terrena – o corpo da estátua ficava, mas a cabeça, representação da essência do governante, era substituível.

Na perspectiva religiosa, ela nos proporciona uma analogia poderosa. Ao nascer e se estabelecer o cristianismo, a cabeça de “César” foi substituída por aquela de Cristo nos vários aspectos culturais e simbólicos. A estátua estava pronta – o culto, os rituais da adoração, os sacerdotes e os templos. Apenas a cabeça mudara. Mas com o tempo, essa substituição também mecanizou bem o culto ao Cristo, fazendo, na maior parte dos casos, simples objeto da adoração, sem implicar na atividade cotidiana dos indivíduos.

Essa adoração imutável é o risco que precisamos evitar. A comunhão com Cristo não deve se limitar ao culto passivo e às preces ocasionais. Não fica correto adorar, mas é insuficiente se essa adoração não se traduzir na transformação moral e espiritual.

Mahatma Gandhi, o líder da resistência pacífica aos ataques da opressão britânica, mostrou esse paradoxo de forma luminosa. Em sua caminhada, foram atirar nele por parte de soldados britânicos que esperavam que ele se defrontasse com violência por violência. Quando Gandhi se levantava pacificamente sem se vingar, os soldados, confusos, insultaram-no: "Quem te ensinou, então, que homem és que és um covarde?" Gandhi respondeu calmamente, apontando para o crucifixo que um dos soldados usava: "Esse homem que está aí no seu pescoço." Em um instante, a contradição do soldado foi revelada – ele carregava a imagem de Cristo, mas não vivia segundo os princípios que esse mesmo Cristo ensinou.

Esse episódio revela uma verdade desconfortável: muitos cristãos, ao longo dos séculos, transformaram sua relação com Cristo em um ritual superficial, focado na veneração de um símbolo, mas distante da essência transformadora do evangelho. O risco é tornar-se um “adorador pedinte”, alguém que busca a ajuda de Cristo apenas em momentos de necessidade, sem que essa relação tenha um impacto profundo e contínuo na própria conduta.

Para superar essa superficialidade, é preciso compreender que o verdadeiro relacionamento com Cristo vai além do culto e da adoração. Pede uma prática atenta e permanente de seus ensinos – um compromisso diário com a justiça, a compaixão e o amor ao próximo. Como Confúcio, cinco séculos antes de Cristo, já apontava para a importância do caminho (TAO) e da virtude como guias da vida humana, Jesus também nos chama a viver de forma íntegra, sem fazer ao outro o que não queremos que façam a nós.

Viver Cristo, então, é um chamado à coerência, transformação interior e ação concreta. É não apenas levantar o símbolo da fé, mas internalizar sua essência, moldando nossos próprios pensamentos, palavras e atos conforme os princípios que Ele nos deixou. Esse é o verdadeiro fardo, a verdadeira cruz – não apenas adorar Cristo, mas viver como Cristo.


- Juliano Gazola é fundador da Bioliderança no Brasil, business executive coach e reprogramador biológico 





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