Reconhecer a contestada vitória de Nicolás Maduro na eleição venezuelana, como fez o Partido dos Trabalhadores, não serviu apenas para dividir o governo, mas também para expor ainda mais a divisão interna da legenda. A ala moderada afirma que o partido deveria ter agido com mais cautela e aguardado, como faz o Poder Executivo, a divulgação das atas eleitorais. A avaliação é de que a pressa em reconhecer Maduro prejudica a imagem do presidente Lula, mesmo que ele não tenha relação com a nota oficial. “Creio que, neste caso, uma postura cautelosa seja recomendável diante das investidas autoritárias do regime com as oposições”, disse o senador Fabiano Contarato (PT-ES). “A situação na Venezuela é gravíssima e lamentável. Sem transparência no processo eleitoral, liberdade política e de expressão, e respeito aos direitos humanos, não há democracia”, escreveu no X o também senador Paulo Paim (PT-RS). (Estadão) A divisão não é exclusividade do PT. A Organização dos Estados Americanos (OEA) não conseguiu aprovar ontem uma resolução final sobre a Venezuela. Ao todo, foram 17 votos a favor (um a menos que o mínimo necessário), 11 abstenções, incluindo Brasil, Colômbia e México, e cinco ausências. O principal ponto de conflito é o pedido para que, além de divulgadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), as atas eleitorais sejam verificadas com a presença de observadores independentes. (Folha) Pelo mesmo motivo ainda não foi fechado o comunicado conjunto de Brasil, Colômbia e México sobre as eleições venezuelanas. Segundo fontes, os mexicanos não gostaram dos termos propostos por colombianos e brasileiros sobre a auditoria das atas. A Colômbia defende uma verificação “internacional”. O Brasil, “imparcial”. Na diplomacia, a semântica importa. (Globo) E o governo americano elevou o tom em relação à Venezuela. “A nossa paciência, e a da comunidade internacional, está se esgotando. Estou esperando que a autoridade eleitoral venezuelana seja transparente e divulgue os dados completos e detalhados sobre esta eleição para que todos possam ver os resultados”, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby. Tais documentos, afirma a oposição, mostrarão uma vitória esmagadora de Edmundo González Urrutia sobre o atual presidente, que foi declarado reeleito com 51,2% dos votos pelo CNE. Os Estados Unidos, assim como o Brasil, ainda não reconheceram o resultado e cobram a apresentação das atas. (The Hill) Já Maduro apresentou ontem um recurso à Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça , controlado por chavistas, para que faça uma auditoria para “esclarecer tudo” e tratar do que chamou de “ataque ao processo eleitoral e essa tentativa de golpe de Estado”. O presidente venezuelano alega que houve um ciberataque ao sistema de eleição digital e por isso não tem acesso às atas. Ele garantiu que seu partido está pronto para apresentar todas as atas da votação que estão em seu poder. “Disse à Câmara Eleitoral que estou disposto a ser convocado, interrogado, em todas as suas partes, investigado como candidato presidencial vencedor das eleições de domingo e presidente”, afirmou. (El Universal) Enquanto isso... O Brasil aceitou o pedido de Javier Milei e vai representar os interesses da Argentina na Venezuela, após Maduro expulsar do país os diplomatas argentinos. Isso deve garantir a segurança dos opositores que estão asilados da embaixada argentina em Caracas. (CNN Brasil) Meio em vídeo. Quem estuda democracia e os chefes de Estado da região reconhecem que o governo Nicolás Maduro cometeu a maior fraude eleitoral da história moderna da América Latina. Quem acha que está tudo normal, que tudo foi honesto, é parte do PT. Eles deixaram de entender alguma coisa? Não. Só não acham que democracia é importante se a esquerda está por cima. Assista a Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube) Sem fazer menção à execução no Irã do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou em pronunciamento que o país desferiu “golpes esmagadores” nos seus inimigos nos últimos dias. “Há três semanas, atacamos o chefe militar do Hamas, Mohammad Deif. Há duas semanas, atacamos os Houthis, num dos ataques mais distantes que a Força Aérea já realizou. Ontem (anteontem), atacamos o chefe militar do Hezbollah, Fu’ad Shukr”, disse. Israel não confirmou nem negou estar por trás do ataque em Teerã. (CNN) Com o mundo à espera da reação iraniana à morte de Haniyeh, as autoridades do país emitem sinais conflitantes. Em um primeiro momento, o aiatolá Ali Khamenei, autoridade suprema do Irã, afirmou que era “dever de Teerã” vingar o assassinato e que Israel ofereceu as bases para “uma punição dura” e o presidente recém-empossado Masoud Pezeshkian disse que o país “vai defender sua integridade territorial e sua honra”. Mais tarde, o primeiro vice-presidente, Mohammad Reza Aref, divulgou uma nota dizendo que seu país não tem intenção de agravar a tensão no Oriente Médio. (Guardian) Mas três autoridades iranianas, que pediram anonimato, disseram ao New York Times que Khamenei emitiu uma ordem de ataque direto a Israel em retaliação ao assassinato. O aiatolá instruiu os comandantes da Guarda Revolucionária e do Exército a prepararem planos de ataque e defesa para o caso de uma expansão do conflito, assim como de uma ação de Israel ou dos Estados Unidos, disseram as fontes. (New York Times) O governo brasileiro condenou o assassinato de Haniyeh. Em nota, o Itamaraty afirmou que atos de violência dificultam a busca por estabilidade no Oriente Médio e a solução do conflito na Faixa de Gaza. Também criticou o que chamou de “desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã”. (CNN Brasil) Principais mediadores nas conversações de cessar-fogo em Gaza, Catar e Egito alertaram que a morte de Haniyeh pode mergulhar o Oriente Médio em um caos ainda mais profundo, incitando uma nova escalada de violência. (New York Times) Donald Trump atacou ontem a identidade racial da vice-presidente Kamala Harris ao afirmar que ela se tornou negra há alguns anos. Em um evento com jornalistas negros, ele foi questionado por que eleitores negros deveriam apoiar um candidato com histórico de ataques racistas a rivais políticos. E respondeu: “Ela sempre foi de origem indiana e estava promovendo apenas a herança indiana. Eu não sabia que ela era negra até alguns anos atrás. E agora ela quer ser conhecida como negra. Então, eu não sei, ela é indiana ou negra?”, indagou. Kamala é filha de mãe indiana e pai jamaicano. Ela nasceu em Oakland e frequentou a Howard University, uma universidade criada para oferecer educação superior à população negra imediatamente após a Guerra Civil. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, considerou os comentários de Trump repulsivos. (CNN) |
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