Após três semanas de pressão dos democratas, o presidente Joe Biden anunciou que não vai concorrer à reeleição nos Estados Unidos. “Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente”, disse em carta publicada nas redes sociais. “E, embora tenha sido minha intenção procurar a reeleição, acredito que é do interesse do meu partido e do país que eu me retire e me concentre apenas no cumprimento dos meus deveres como presidente durante o resto do meu mandato.” Em outra postagem nas redes, Biden endossou a vice-presidente, Kamala Harris, como sua substituta na corrida eleitoral. “Hoje quero oferecer todo o meu apoio para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano”, escreveu. “Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso.” O anúncio foi recebido com entusiasmo pelos democratas, que doaram, apenas no domingo, mais de US$ 50 milhões. (New York Times) Poucas horas depois, Kamala disse que sua “intenção é merecer e conquistar” a indicação presidencial democrata. Ela agradeceu ao presidente por sua liderança e disse que “faria tudo para unir os democratas e a nação”. Ao contrário de muitos colegas de partido, ela foi leal a Biden até o fim. E continuou em sua defesa após o anúncio. “O presidente está fazendo o que sempre fez ao longo de sua vida de serviço: colocar o povo americano e nosso país acima de tudo” , disse. Os quase US$ 96 milhões de financiamento recebidos pela campanha foram transferidos para o nome de Kamala ontem à tarde. Embora ainda não tenha havido nomeação oficial, a campanha mudou o nome do comitê na Comissão Eleitoral Federal para “Harris para Presidente”. Biden e o casal Bill e Hillary Clinton já a apoiaram publicamente, mas Harris sabe que os responsáveis pela sua confirmação como candidata são os delegados democratas – e ontem mesmo já começou a telefonar para eles. (Axios) Durante o domingo, vários líderes democratas declararam apoio a Harris e elogiaram a decisão de Biden, mas nomes de peso como Barack e Michelle Obama, e também a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, ainda não o fizeram. No Medium, o ex-presidente da República disse confiar que os líderes do partido serão capazes de criar um processo do qual “surgirá um candidato notável”. (Washington Post) O ex-presidente Donald Trump, em publicação na sua rede, Truth Social, disse que Biden “não estava apto a concorrer à presidência e certamente não está apto para ser presidente – nunca esteve”. Ele falou em uma conspiração de “seu médico e da mídia” para esconder a condição física e mental do presidente. E disse à CNN que Kamala será mais fácil de derrotar do que Biden. No dia anterior, em seu primeiro comício após o atentado, Trump já incluiu a vice-presidente em seus ataques. (CNN) Pesquisas recentes, anteriores ao afastamento de Biden e também ao atentado contra Trump, mostraram Kamala Harris atrás do republicano por apenas dois pontos percentuais em média nacional, 46% a 48%. Biden estava pior, três pontos percentuais atrás, 47% a 44%. Kamala estava apenas um ponto percentual abaixo no crucial e indeciso estado da Pensilvânia, mas vencia por confortáveis cinco pontos percentuais na Virgínia, onde Biden estava apenas uma margem muito estreita à frente. (New York Times) Adam Gopnik: “A dolorosa, mas essencial auto-remoção de Joe Biden da corrida à presidência – uma corrida que ele correu tão arduamente e, em muitos aspectos, de uma forma tão distinta –, tem um pouco da forma de uma tragédia shakespeariana. A aparente conexão é tão óbvia que já era uma comparação significativa antes mesmo de haver uma probabilidade, muito menos uma certeza, de que Biden cedesse o palco”. (New Yorker) Dan Balz: “Por razões óbvias, [Kamala] ainda não conseguiu insinuar qualquer diferença em relação a Biden. Em relação aos projetos e à política, ela teve de estar em sintonia com ele o tempo todo. O que poderia ser diferente na presidência de Harris, além do fato de que ela seria a primeira mulher eleita, o que não é pouca coisa a se considerar? Ela irá apresentar uma nova visão ou será o seu cartão de visita simplesmente o fato de ser mais jovem e mais vigorosa do que o homem que a escolheu como sua companheira de chapa há quatro anos?”. (Washington Post) A última vez que um presidente americano desistiu da reeleição foi em 1968. O Meio contou essa história para assinantes premium da Edição de Sábado e hoje libera o acesso ao artigo de Pedro Doria e Flávia Tavares. (Meio) Marketing balístico
As convenções partidárias para as eleições municipais começaram no sábado e o cenário ainda é de indefinição em muitas capitais. Há prefeitos que buscam a reeleição que não decidiram ainda quem será o vice, como no Rio e em Belo Horizonte, e disputas, como a de São Paulo, em que partidos podem retirar pré-candidaturas e anunciar apoios que mexem no xadrez local. O prazo para os partidos deliberarem sobre coligações, definirem chapa e a lista de candidatos a vereador vai até 5 de agosto, cinco dias antes do prazo limite para registrarem os nomes na Justiça Eleitoral. O PT planeja lançar candidatos em 14 capitais, enquanto o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, deve lançar em 15. As duas siglas, no entanto, devem ter confrontos diretos em apenas nove das 26 capitais estaduais. (Globo e Estadão) O Supremo Tribunal Federal (STF) omitiu dados sobre viagens dos ministros da corte em pedidos feitos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação. Sob o comando do ministro Luís Roberto Barroso, o tribunal disse não ter informações sobre eventos internacionais que tiveram a presença dos integrantes do órgão. O Supremo ainda indicou para pesquisa uma página com dados desatualizados sobre despesas com servidores. A corte justificou que os pedidos não poderiam ser respondidos por conta da Lei Geral de Proteção de Dados, porque tais dados poderiam trazer informações bancárias de beneficiários e resultar em risco à segurança institucional do tribunal ou dos seus servidores. (Folha) |
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