Vander Piaia
Por que os preços oscilam tanto?
Uma vez ao mês vou dedicar essa coluna a analisar o movimento dos preços da cesta básica de Cascavel, que é um referencial para a região, pois muitas pessoas fazem compras na cidade. Em janeiro, a cesta básica apresentou alta de 6,6%, na medição de faveiro/março, houve queda de 5,13%. Isso demonstra que os preços de supermercado apresentam um movimento de fluxo e refluxo, ou seja, vai e vem. Certamente todos sabem que na somatória de um período mais longo, como meses ou um ano, o resultado é sempre positivo, ou seja, sempre pesa mais no bolso.
Afinal, por que os preços podem variar tanto de um mês para outro? Primeiro, é importante saber quais são os itens da cesta básica. A cesta básica no Paraná é composta de 13 itens: arroz, feijão, açúcar, café em pó, farinha de trigo, batata, banana, tomate, margarina, pão francês, óleo de soja, leite e carne. Se observarmos, a maior parte desses produtos não são ofertados em escala industrial, tal como a margarina e o óleo de soja. Sendo assim, tais itens são muito suscetíveis àquilo que se chama sazonalidade.
A sazonalidade é a maior ou menor oferta de um produto de acordo com a temperatura, as estações do ano, o índice pluviométrico e outros fatores diretamente ligados à natureza. Tomate, por exemplo, sempre está num sobe e desce, isso porque quando há uma boa colheita, ele tem que ser colhido e rapidamente enviado ao consumidor final, se não, apodrece e vira prejuízo para o produtor e o distribuidor. Quando acontece isso, o preço cai rapidamente. Por outro lado, o preço também pode subir rapidamente se, na região onde se planta muito tomate, houver um fenômeno climático adverso, que destrua a colheita ou que não permita a maturação do produto.
Vejamos o caso da batata, subiu quase 80% no período de um ano. Somente em 2024 já subiu 30%. Será que vai subir ainda mais? Ao longo dos últimos anos, o consumo desse tubérculo aumentou muito, porém o preço manteve-se estabilizado. Tal fato espantou novos plantadores do negócio. Resultado, a oferta foi se tornando pequena diante de tanto consumo e o reflexo de tal distorção aconteceu numa “explosão” do preço. Como a batata está num patamar atraente de preço para o produtor, muita gente vai aumentar a área plantada, pois estão percebendo que a alta do produto é consistente. Nesse aumento de área, logo haverá também aumento da oferta, ocasionando uma “segurada” nos preços da batata num futuro próximo, na sequência inclusive a queda de seu valor. Em quanto tempo isso vai ocorrer? Sabe-se que o aumento do cultivo já está ocorrendo, assim que essas “novas” batatas chegarem ao mercado, certamente irão pressionar o preço para baixo.
Para os itens de escala industrial, o que afeta sua alteração de preço está mais relacionado à produtividade e ao custo da matéria-prima. Por exemplo, o óleo de soja tem ajudado a segurar a inflação, isso porque seu componente básico, a soja, está com os preços em retração nesse momento, resultando num barateamento do produto nos supermercados. Basicamente, a resposta à pergunta que faz título a esse conteúdo é: apesar de todas as distorções do mercado, a velha lei da oferta e procura ainda funciona!
- Vander Piaia é comentarista econômico e professor da Unioeste
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