A Organização das Nações Unidas (ONU) vem alertando sistematicamente que a crise humanitária na Faixa de Gaza está generalizada. Na última semana, multidões invadiram e saquearam depósitos de comidas e de material de higiene no território onde eram armazenados para distribuição, suprimentos enviados pela fronteira com o Egito. De acordo com o diretor da agência das Nações Unidas para apoio aos refugiados palestinos, Thomas White, este é um sinal preocupante de que a ordem civil está se dissolvendo. O número de mortos no território já chega a 8 mil, dos quais 73% seriam “vulneráveis” — mulheres, crianças e idosos. 

A guerra entre Israel e o Hamas entrou em uma “segunda fase” com as operações militares israelenses por terra na Faixa de Gaza. Em entrevista coletiva, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, voltou a recomendar que a população palestina deixe o Norte do território, onde estão concentradas as operações, e acrescentou que Israel está “pronta para garantir que os assassinos paguem o preço pelo massacre”, referindo-se aos atentados em 7 de outubro, que deixaram 1,4 mil mortos em Israel e mais de 200 reféns em poder do grupo terrorista. 

Enquanto isso, o governo russo fechou o aeroporto de Mahackala, capital do Daguestão, após um grupo invadir a pista em busca de israelenses que estariam em um voo. O Daguestão é uma república russa (equivalente a estados no Brasil) de população predominantemente muçulmana. Antes de entrar na área dos aviões, o grupo abordou passageiros exigindo que mostrassem seus passaportes. Segundo a autoridade aérea russa, um voo vindo de Tel Aviv fez uma escala técnica em Mahackala a caminho de Moscou. Ou seja, não é só a ordem social que está se desintegrando na Faixa de Gaza, há também um clima crescente de revolta se generalizando entre a comunidade muçulmana, o que não é nada saudável para nenhuma das partes envolvidas. A justiça precisa ser feita, mas também é preciso que os ânimos sejam acalmados, para que toda a ordem social seja mantida.